A rodovia MS-156, que liga a região sul ao Centro de Dourados, divide duas áreas bastante promissoras na periferia da cidade. Grande parte é bem recente, com pouco mais de cinco anos de ocupação, no entanto, com a densidade populacional expressiva, a área se tornou um ótimo lugar para quem quer empreender e ter sucesso.
A histórias de pequenos e grandes negócios que superaram o estigma de empreender nos bairros e alcançaram um patamar almejado por muita gente que optou pelo comércio central.
Visitando vários locais nos quatro cantos da cidade, a reportagem descobriu que as modalidades comerciais estão sim, em transformação e migrando para as regiões residenciais. O ‘centrão’ de fato é um conglomerado comercial consolidado, estável e prestigiado pela maioria dos consumidores, no entanto não é a única alternativa para iniciar o próprio negócio.
Alguns desses bairros já praticamente alcançaram independência comercial, dispensando a necessidade de deslocamento até o comércio central para consumo. Outros, ainda começando a ‘dar os primeiros passos’, já possibilitam para comerciantes o sustento da família e a satisfação de ser o próprio chefe.
Esse é o caso do barbeiro Valdir Machado dos Santos, 53, morador no Jardim Colibri. Há três anos ele decidiu deixar o salão nos fundos de casa para ter um espaço exclusivo para as rotinas de trabalho. Hoje, instalado entre vários bairros da região sul, ele garante ter superado as expectativas com a mudança.
“Em casa eu não tinha tanto movimento, aí pensei: preciso ir pra onde está o pessoal. Eu andei essa região todinha e vi que tinha muita gente. Até pensei no Centro, mas no Centro não adianta, porque é um local de passagem apenas. Quem está lá há 20 anos, está lá, beleza. Mas quem está começando agora, não compensa. Aluguel é caro, o investimento é caro, além do mais a gente precisa ir para onde está o ‘povão’. Hoje eu superei o resultado que eu esperava. Quando comecei, investi cerca de R$ 3 mil e já recuperei esse valor tranquilamente. Eu sustento minha família com isso”, disse.
Ele conta também que atende cerca de 300 clientes por mês, com maioria no público infantil. “A vantagem que encontrei no bairro foi o atendimento às crianças. O pai vem com dois, três, e todo mundo sair de cabelo cortado”, relata.
Ao lado do salão de Valdir, conhecemos o casal Cleonice Haas Rojas, 40, e Pedro Ximenes, 46, proprietários de um comércio de brinquedos e variedades. Simples, com poucas prateleiras, mas extremamente organizado e atrativo, a pequena loja foi uma alternativa para ajudar o filho, que também toca um estabelecimento semelhante em outro bairro na região.
Para eles, a movimentação é compatível com a realidade de quem mora ali no Dioclécio. Para atender o público mais humilde, o atrativo na loja é a variedade com preço baixo. Dentro do estabelecimento o forte são os brinquedos, e segundo o casal, para este ano é esperado bons resultados em vendas no mês de outubro, quando comemora-se o dia das crianças (12).
“A gente não pensa em ficar rico com isso sabe, a nossa intenção é ter o nosso negócio para garantir o sustento da nossa casa. Isso já é o suficiente”, afirma Pedro.
Do outro lado da rodovia, no loteamento Vival dos Ipês, a empresária Marilene Francisca dos Santos. Ela é proprietária de uma fábrica de lingeries atuante há 14 anos no mercado douradense.
No início a produção era realizada no fundo de casa, na Vila Industrial, mas o negócio cresceu, foi levado para um salão comercial próximo à rodoviária, sob esquina com a Avenida Marcelino Pires, e hoje volta à região de bairro em uma estrutura mais ampla e confortável.
Ela e o esposo contam que mudar para o Vival dos Ipês foi uma decisão assertiva, já que o Centro inviabiliza alguns fatores considerados importantes pelo casal.
“No Centro infelizmente as pessoas não conseguem estacionar com tranquilidade, se estaciona e passa um pouquinho do tempo já toma multa, além do mais aquela correria atrapalha um momento para conversar com as nossas revendedoras. E isso é muito importante para gente”, explica.
Atualmente a empresa conta com apenas uma funcionária, porém, Marilene garante que há espaço para até dez costureiras operadoras de máquinas. O desafio aqui é mão de obra qualificada.
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