Horacio Cartes e Dario Messer são acusados de operar esquemas ilegais
O juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, aceitou denúncia apresentada pela Ministério Público Federal (MPF) decorrente de investigações da Operação Patrón, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato no estado. Foram transformadas em réus 19 pessoas, entre as quais o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes, o dono do Shopping China no Paraguai, Felipe Cogorno Álvarez e Dario Messer, brasileiro naturalizado paraguaio, classificado pelo MPF como o “doleiro dos doleiros”.
Os denunciados são de três nacionalidades diferentes: 11 brasileiros, sete paraguaios e um uruguaio. Eles são acusados de operar esquemas ilegais desde pelo menos os anos 2000 e responderão por pertencimento a organização criminosa. Pesam ainda contra a maioria dos réus, conforme o envolvimento de cada um nas ações ilícitas narradas pelo MPF, acusações de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e câmbio ilegal.
As investigações da Operação Patrón estão conectadas com a Operação Câmbio, Desligo, cuja fase ostensiva foi deflagrada em maio de 2018 com a expedição de mandados de prisão contra 50 doleiros suspeitos de formar uma organização transnacional para cometer ilícitos atendendo a clientes variados. Um desses clientes seria o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que demandava a ocultação de cifras milionárias obtidas por meio de esquemas de corrupção durante sua gestão entre 2007 e 2014.
Messer foi apontado pelo MPF como o “doleiro dos doleiros” por liderar a organização transnacional. No entanto, ele não foi localizado na Operação Câmbio, Desligo, tendo sido preso apenas em 31 de julho do ano passado, quando foi encontrado em São Paulo.
Deflagrada em 19 de novembro, a Operação Patrón aprofundou a apuração sobre as ações do grupo liderado por Messer. Com base nos elementos reunidos, o MPF apresentou a denúncia em dezembro com 211 páginas, nas quais aponta a existência de três núcleos que sustentavam o esquema organizado pelo doleiro: o financeiro, o operacional e o político.
De acordo com o MPF, o núcleo político, que era composto por pessoas influentes nas esferas de poder, que agiam para assegurar a impunidade e a manutenção das operações, contava com a participação de Horacio Cartes, que presidiu o Paraguai de 2013 a 2018. Segundo o MPF, Cartes intercedeu por Messer entre maio de 2018 e julho de 2019. Nesse período, o doleiro estava escondido para evitar o cumprimento de ordens de prisão expedidas no Brasil e também no Paraguai.
Seja o primeiro a comentar