Usado em 3 execuções, fuzil custa R$ 20 mil na fronteira e “manda recado”

Dois exemplares desse modelo de fuzil integram o arsenal apreendido com guarda municipal na Capital

Arma de guerra usada em três execuções na Capital, o fuzil AK-47, calibre 762×39, custa R$ 20 mil no mercado paralelo na fronteira de Ponta Porã com Pedro Juan Caballero, no Paraguai. A arma vem da Bolívia para o território paraguaio e de lá é enviada para Mato Grosso do Sul.

Pelo poder de destruição, o fuzil traz uma mensagem de violência implícita, uma arma que “manda recados” na região de fronteira e também em crimes registrados desde o ano passado em Campo Grande.

Na ativa há mais de 70 anos, o AK-47 é a abreviação para Avtomat Kalashnikova (rifle automático Kalashnikov, modelo de 1947) e leva o nome de seu criador e o ano que começou a operar. Alguns fatores favorecem o AK-47: é uma das armas mais produzidas no mundo e tem sistema de funcionamento bastante simples.

Na versão “normal” do carregador, a capacidade é de 30 disparos. Mas há carregadores com capacidade para 80 munições. No peso, não se difere muito dos concorrentes, com variação de três a quatro quilos.

Dois exemplares desse modelo de fuzil integram o arsenal apreendido com o guarda municipal Marcelo Rios no dia 19 de maio, em Campo Grande. Na semana passada, ele foi denunciado à Justiça pela posse seis fuzis, um revólver, 17 pistolas e duas espingardas. Todas sem autorização e em desacordo com determinação legal. Também foram encontradas munições, carregadores, luneta e silenciadores.

No documento, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), braço do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), aponta que “não passa despercebido que várias das execuções ocorridas recentemente em Campo Grande foram perpetradas com fuzis calibre 762, que é uns dos apreendidos em poder do denunciado”.

No rodapé do relatório, a promotoria cita, a título de exemplo, três mortes com essa arma de guerra: Ilson Martins de Figueiredo (policial militar reformado e então chefe da segurança da Assembleia Legislativa), Orlando da Silva Fernandes (ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat) e universitário Matheus Coutinho Xavier (a suspeita é de que o alvo fosse seu pai, um policial militar reformado).

Ainda sobre as execuções na Capital, o relatório lembra que veículos usados nos crimes são encontrados incendiados. Conforme o documento, a estratégia do grupo de extermínio é utilizar carros furtados ou roubados.

“Diante das circunstâncias objetivas acima mencionadas, pode-se concluir que o descomunal arsenal bélico sob comento foi e/ou seria utilizado para o cometimento de crimes graves, notadamente os de homicídios dolosos, nesta Capital”.

Marca de sangue na caminhonete que Matheus Xavier manobrava quando foi alvo de atiradores com fuzil. (Foto: Direto das Ruas)

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