Acúmulo de reajustes para os idosos foi maior que para população em geral no primeiro semestre
A costureira Maria de Fátima sente na pele dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Envelhecer está ficando cada vez mais caro no Brasil. Em 12 meses, o IPC-3i (Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade), que mede a variação da cesta de consumo de pessoas com mais de 60 anos de idade, acumulou taxa de 5,37%. Índice maior do que os 4,88% registrados pelo IPC-BR (Índice de Preços ao Consumidor – Brasil), que mede a inflação para todas as faixas de idade.
Aos 61 anos, hipertensa e nove meses depois de sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral), dona Maria conta que o principal gasto da família é com saúde. Até da fisioterapia, que deveria fazer, ela abriu mão por não ter dinheiro. Segundo ela, a renda familiar depende do marido, já que precisou abandonar a profissão por problemas de saúde e não conseguiu se aposentar.
“Os remédios estão cada vez mais caros. E hoje eu tenho que optar: ou eu compro comida, ou eu compro remédio”, reclama. Ela lembra que no último mês precisou pagar uma consulta médica, mas ainda não conseguiu pegar os remédios necessários. “Não tem no SUS[Sistema Único de Saúde] e os 30 comprimidos custam 60 reais e não consigo comprar”, conta.
Além do custo com saúde, a inflação também é sentida pela costureira na hora de comprar comida. De acordo com ela, um tempo, atrás com R$ 50,00 ela ia ao supermercado e as compras precisavam ser levadas para casa em caixas. Hoje ela conta que consegue carregar tudo o que compra pelo mesmo valor em duas sacolas. E ainda deu o exemplo, hoje a ida ao supermercado para comprar um pacote de arroz, óleo e um quilo de feijão e custou R$ 50,00.
Para os homens, a coisa não muda. O aposentado Atanazio Cortiz Lopes, de 77 anos, detalha que gasta em média R$ 300,00 por mês só com remédios. Ele e a esposa são hipertensos e precisam comprar a medicação para controlar a pressão. Para ele é nítido o aumento do custo de “tudo” com o passar dos anos. E ainda lembra que os aumentos nos itens de consumo não acompanham o aumento dos salários.
Solange mostra no celular outra despesa que pesa no orçamento de forma geral, a energia.
Remédios mais caros – O item apontado pelos campo-grandenses ouvidos pela reportagem como o principal custo do orçamento, os remédios vendidos no País, sofreram um aumento de até 4,33% desde o dia 31 de março deste ano, devido ao reajuste anual dos medicamentos.
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