
Projeto surgiu de parceria entre e Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) e produtora mundial de celulose “Suzano” e fez a primeira captura em março deste ano
Graças à diversidade de fauna e flora, Mato Grosso do Sul precisa por natureza saber equilibrar o progresso com a preservação e, por isso, tem capturado espécimes de tatu-canastra entre florestas de eucalipto na região leste do Estado em projeto conjunto entre o Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) e a maior produtora mundial de celulose, Suzano.
Batizado de “Canastras e Eucaliptos”, o projeto nasceu em abril de 2024, para início dos trabalhos de campo cerca de três meses depois da formalização da parceria entre as partes em prol da preservação da maior espécie de tatu do mundo, o canastra.
Há menos de dois meses o monitoramento do chamado “Priodontes maximus”, com busca por vestígios do tatu-canastra e a instalação de armadilhas fotográficas, rendeu frutos, sendo a primeira captura do “canastras e eucaliptos” feita em março deste ano.
Primeira captura
Batizada de Svenja, com cerca de 37 quilos e medindo 1,52 metros, essa tatu fêmea foi capturada e levada realização de exames clínicos, como: hemograma, análises bioquímicas hepáticas e renais, swabs (coleta de fluidos) nasais e orais, além do recolhimento de amostras de fezes para avaliação da saúde do animal.

Biólogo do Programa de Conservação do Tatu-canastra e do ICAS, Gabriel Massocato reforça a importância da captura dessa primeira espécime pelo projeto para a conservação geral nas paisagens de florestas empresariais, nesse caso.
“Com a captura iniciamos o monitoramento do deslocamento da espécie em um ambiente composto por Cerrado e plantações de eucalipto. O objetivo é conservar o tatu-canastra, independentemente de onde ele esteja”, diz.
Gabriel lembra que as plantações de eucalipto são uma realidade em franca expansão em Mato Grosso do Sul, sendo necessária análise comportamental dos espécimes que circulam por esse tipo de território.
“Ao compreender o comportamento da espécie nessas áreas, conseguimos otimizar os corredores ecológicos, promovendo a conectividade e permitindo a circulação dos animais com mais segurança”, complementa ele.
Após a captura, cabe esclarecer que as espécimes de tatu-canastra são acompanhadas por transmissor GPS por cerca de três meses, fornecendo informações sobre a localização, por exemplo, a cada sete minutos.
Nesse mesmo equipamento transmissor são compiladas diversas informações por parte dos biológicos, já que os transmissores mostram até mesmo durante a movimentação noturna do animal e se o mesmo está cavando, parado ou caminhando.
Somente em 2025 o Icas já registrou outras duas grandes capturas, feitas no Parque Natural Municipal do Pombo (PNMP), em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, uma fêmea em janeiro e um macho que pesou 40 kg, batizado de Gerald.
Preservação em MS
Além do biólogo, o coordenador de Meio Ambiente da Suzano em Mato Grosso do Sul, Renato Cipriano Rocha classifica a parceria do projeto como “fundamental” para melhor compreensão sobre os hábitos dessa espécie de tatu moradora da região de Cerrado sul-mato-grossense.
Dos 808,469 mil hectares de área florestal da Suzano em Mato Grosso do Sul, pelo menos 30% (249,807 ha) tem a função exclusive voltada à conservação da biodiversidade, onde mais de 1,5 mil espécies foram identificadas, sendo:
770 plantas,
388 aves,
136 artrópodes,
92 mamíferos,
68 peixes
61 répteis e
41 anfíbios.
“Importante ressaltar que todo o manejo florestal da Suzano é desenvolvido com foco na proteção ambiental, o que inclui o plantio em mosaico, programas de restauração ambiental, monitoramento da fauna e implantação de corredores de biodiversidade para conectar fragmentos do Cerrado, dentro e fora de suas áreas”, diz.
Instaladas para detectar a presença de tatus, as armadilhas fotográficas do projeto “Canastras e Eucaliptos” já flagraram antas, tamanduás, irara, onça-parda e até os populares porcos-do-mato, os catetos.
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