Nascido em MS, menino negro e de origem humilde virou juiz e livro

Fábio Francisco Esteves nasceu em Paranaíba, MS (Foto: Divulgação)

Obra mostra como o sul-mato-grossense lidou com preconceito por meio da educação e apoio da família

Fábio Francisco Esteves. É o nome de um filho de agricultores de Mato Grosso do Sul que se tornou juiz de Direito.  Preto e de origem humilde ele é a figura certa para inspirar estudantes Brasil afora neste 20 de Novembro, primeiro feriado nacional da Consciência Negra. A história dele virou livro. A obra “Fabinho – da roça aos tribunais” narra as condições adversas que ele enfrentou para estudar e trilhar uma carreira de sucesso.

Atualmente, Fábio Esteves é  juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e auxiliar no gabinete do ministro Edson Fachin. “A escola é um espaço muito importante para as discussões que afetam a sociedade. Algumas das pessoas que hoje estão nesse espaço, amanhã estarão, a partir dessa discussão, preparadas para, se tiver vontade e, evidentemente, se indispor com os privilégios que o racismo estrutural estabelece, terem condições de promover intervenções para poder modificar essa estrutura, essa realidade que tanto desiguala grupos sociais e pessoas”, afirma o juiz de direito Fábio Esteves.

De maneira lúdica e com muitas reflexões, a obra mostra como o sul-mato-grossense lidou com o preconceito por meio da educação e o apoio da família. Filho de agricultores, Fábio Esteves nasceu em Paranaíba e depois se mudou para Chapadão do Sul.

Menino negro e pobre virou juiz e livro
(Foto: Divulgação)

“Com o livro, nós temos mostrado para as crianças que eu, enquanto criança, vivi experiências que podem ser iguais às experiências delas. E, ao mesmo tempo, essas crianças conseguem ver o futuro a partir da minha trajetória e isso pode inspirá-las a realizar os sonhos delas, porque naquele momento, enquanto criança, existia um sonho por mudança, um sonho por justiça, que acabou acontecendo”, conta o magistrado.

O livro infantil, da editora Turminha do Bem, foi escrito por Claudine Bernardes e ilustrado por Alexsaymour Batista, e já foi lançado em Brasília (DF), Chapadão do Sul (MS), Paranaíba (MS) e Cáceres (MT).

“A obra é um instrumento pedagógico poderoso que permite que crianças reflitam sobre questões de raça, identidade e pertencimento”, afirma a idealizadora do Programa Turminha do Bem e doutora em ciências, Fernanda de Oliveira.

A publicação faz parte do projeto Trilhas da Igualdade, que é composto por livro, caderno de atividades e jogos para promover a discussão sobre as relações étnico-raciais com alunos de escolas públicas e privadas, da Pré-escola ao Ensino Fundamental I.

Menino negro e pobre virou juiz e livro
(Foto: Divulgação)

“Nosso objetivo é promover reflexões sobre atitudes discriminatórias que muitas vezes habitam o imaginário social com estereótipos, impulsos ou desejos, nem sempre conscientes, responsáveis por atitudes discriminatórias e manutenção e/ou a reprodução do racismo”, destaca Fernanda de Oliveira.

Em 9 anos de existência, a Turminha do Bem já alcançou mais de 50.000 alunos, com a participação de 5.000 professores em mais de 15 municípios.

Sobre a Turminha do Bem – Com sede em Campo Grande (MS), a Turminha do Bem foi criada em 2015, pela doutora em ciências pela Universidade de São Paulo, Fernanda de Oliveira. O programa tem o objetivo de fornecer materiais e conteúdos educativos interdisciplinares diferenciados e complementares para os alunos da educação infantil, ensino fundamental I e II, por meio de contos associativos e ferramentas da metodologia ativa.

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