Clara Ant, fundadora da CUT e representante do Planalto na convenção da Conib, deixou a cerimônia após discurso em que o governador de Goiás criticou o radicalismo e a complacência do governo com o crime organizado.

A assessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Clara Ant, abandonou o jantar de abertura da 56ª Convenção da Confederação Israelita do Brasil (Conib) após se sentir ofendida por declarações do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). O evento, realizado em São Paulo, marcou a primeira vez que o atual governo enviou um representante à convenção da entidade judaica.
Durante seu discurso, Caiado fez duras críticas à gestão petista, apontando que o governo “prega o ódio de classes”, “é complacente com o narcotráfico” e “coloca em risco a soberania nacional”. As afirmações provocaram a saída imediata de Clara Ant, que declarou ter considerado as falas “uma ofensa ao PT e à própria Conib”.
A assessora, de origem judaica e fundadora da Central Única dos Trabalhadores (CUT), minimizou o atrito diplomático entre o governo brasileiro e Israel, afirmando que “quem declarou o governo Lula persona non grata foi o governo israelense”. A relação entre os dois países segue abalada desde que Lula comparou, em 2024, a ação militar de Israel na Faixa de Gaza às práticas do regime nazista — declaração que gerou forte reação da comunidade judaica.
Apesar do incidente, membros da Federação Israelita de São Paulo consideraram positiva a presença de Clara Ant, interpretando o convite como um gesto de tentativa de reaproximação. Ainda assim, o episódio reforçou o distanciamento político entre o Planalto e setores da comunidade judaica, que veem com preocupação as declarações de Lula sobre o conflito no Oriente Médio.
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