Japão 3 x 2 Brasil: virada mostra obviedades que Ancelotti pagou para ver

Alguém contou ao técnico Carlo Ancelotti que Fabrício Bruno e Lucas Beraldo seguraram a Inglaterra, em Wembley, na vitória do Brasil por 1 x 0 em março do ano passado. Esqueceram de relatar a segunda parte da história. Juntos, eles sofreram três da Espanha na partida seguinte, em Madri. Com a virada sofrida para o Japão, a dupla acumula seis gols em três jogos. A Seleção havia sido vazada uma vez em cinco jogos com Carletto. De pênalti, da Bolívia, em El Alto. Nesta terça-feira, sofreu três dos 6 aos 25 minutos do segundo tempo de terror na virada nipônica por 3 x 2, no Ajinomoto Stadium.

O dono da prancheta é italiano. Não admite sofrer três gols em 19 minutos — e muito menos perder. Internamente, ele vai apontar culpados. Veremos na convocação para os jogos de novembro contra Senegal e Tunísia.

Fabrício Bruno foi muito útil ao Flamengo. É imprescindível ao Cruzeiro. Paremos por aí. É um excelente jogador de clube. A Seleção exige outro patamar. O capitão Casemiro saiu de campo criticando a falta de concentração em partida de alto nível. A indireta foi mais do que direta a Fabrício Bruno. Ótimo zagueiro, repito, mas costuma exagerar na dose de marra.

Não adianta gabar-se de que na corrida não perde para ninguém e errar um passe bisonho na saída de bola em uma partida contra o Japão valendo a vaga dele na convocação final! Como será em uma partida de Copa do Mundo? Mais do que o erro, é inaceitável o descontrole emocional de Fabrício Bruno depois do erro. Afetou o restante de uma Seleção em formação. O time desandou mentalmente, principalmente a insegura defesa.

Carlo Ancelotti tem todo o direito de preferir goleiros bons com as mãos — e minimizar a habilidade com os pés. Ele tem Dida como referência histórica em dois títulos de Champions League do Milan nas edições de 2003 e de 2007. Hugo Souza ainda não tem tamanho para isso. Foi justamente com as mãos uma falha quase comprometedora em um chute de fora da área em numa exibição na qual não passou a mínima confiança.

Carlos Augusto, que costumo elogiar pelo que faz em uma Internazionale compacta defensivamente no papel de lateral, ala ou até mesmo terceiro zagueiro pela esquerda, foi muito mal. Pelo Brasil, ficou exposto várias vezes no mano a mano com os dribladores e velozes Doan e Kubo. Mostrou muitas deficiências. Parecia perdido, sem saber o tempo de apoiar ou alinhar com Fabrício Bruno e Beraldo na linha de três quando Paulo Henrique avançava para montar o 3-2-5. Do outro lado, Paulo Henrique soube aproveitar a oportunidade. Teve personalidade no início da trama do primeiro gol e se apresentou aos meias Paquetá e Bruno Guimarães ao invadir a área.

Quem encontrará a melhor função para Lucas Paquetá na Seleção? O meia joga fácil no West Ham. Tite usou como segundo volante na Copa de 2022 como par de Casemiro na construção vindo de trás. Carlo Ancelotti o posicionou como meia à frente dos volantes Casemiro e Bruno Guimarães. Quando caiu pela meia esquerda, onde prefere, deu o passe perfeito para Gabriel Martinelli marcar o segundo gol do Brasil.

O italiano foi técnico de Richarlison no Everton. Compreensível a aposta no centroavante. A insistência, não. Ele foi o primeiro camisa 9 no empate por 0 x 0 com o Equador. Teve chance com os quatro técnicos do Brasil no ciclo e não se ajuda. Balançou a rede pela última vez nas oitavas de final da Copa de 2022 contra a o Coreia do Sul. Os créditos acabaram.

Tenho as minhas dúvidas se vale a penas desperdiçar Vinicius Junior no papel de falso 9 em vez de tê-lo fora da área desequilibrando com dribles, velocidade, assistências e gol. O atual número 1 do mundo no prêmio da Fifa se movimentou bem contra a Coreia do Sul e o Japão, mas fica a sensação de que Carlo Ancelotti deixa de usar todo o potencial do atacante na tentativa de acomodar todos os pontas bons de bola na prancheta.

A virada do Japão por 3 x 2 ofusca o que o Brasil teve de melhor nos dois amistosos. A influência dos meias, como escrevi na goleada por 5 x 0 contra a Coreia do Sul. Dos sete gols marcados na turnê à Ásia, cinco tiveram assistências dos homens do meio de campo.

Bruno Guimarães serviu Gabriel Martinelli contra o Japão e Estêvão na partida anterior. Casemiro deixou Rodrygo na cara do gol. O falso 10 Matheus Cunha foi garçom de Vinicius Junior. Nesta sexta, Lucas Paquetá deixou Gabriel Martinelli em condição de marcar. Os outros dois foram obras de Vini para Rodrygo e outro de um esforço individual de Estêvão.

A derrota inédita para o Japão em 15 duelos entre as seleções principais é só mais um vexame na coleção neste ciclo. O Brasil perdeu para Marrocos e Senegal sob o comando de Ramon Menezes. Empatou com a Venezuela com Fernando Diniz no primeiro turno das Eliminatórias e no segundo sob a batuta de Dorival Júnior. Apanhou de 4 x 1 da Argentina, em Buenos Aires. Sim, Carlo Ancelotti precisa de tempo e o processo precisa continuar, mas ele pagou para ver alguns jogadores e sai com a certeza de que não servem neste momento.

Via: Marcos Paulo Lima

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