O fogo devastador consumiu 700.025 hectares do bioma que tem a água como característica principal, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ).
Durante os incêndios que atingem o Pantanal, um dos principais desafios enfrentados pelos brigadistas é o fogo de Turfa – um dos incêndios florestais mais complexos na hora do combate.
A turfa é um tipo de material orgânico resultante da decomposição da vegetação que se acumula no solo e pode alcançar vários metros de profundidade, tornando-se altamente inflamável. Essa matéria orgânica possui várias camadas sob o solo do Pantanal.
O biólogo e diretor de comunicação da ONG SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, explica que devido aos períodos de cheia e seca, o Pantanal acaba acumulando camadas de matéria orgânica que concentra uma espécie de fogo subterrâneo.
“O que acontece, durante os períodos de secas e cheias nas estações da região, vão se criando camadas de matéria orgânica no solo. Imagina toda essa matéria acumulada ao longo de vários anos, é o ambiente propício para focos de incêndios. É uma característica do Pantanal que dificulta o combate aos incêndios, daí surge o fogo de turfa ou “fogo subterrâneo”, que queima sem que as pessoas percebam, nas camadas mais profundas de toda essa matéria orgânica”, explica Gustavo Figueirôa.
A diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, Tatiana Inoue, explica que o solo de turfa no Pantanal é como se fosse um sanduíche, em meio as estações foram sendo criadas camadas, uma de terra, outra de vegetação, outra de terra, e assim repetitivamente ao longo dos anos.
E quando o bioma sofre com as chamas, o fogo pode atingir uma dessas camadas mais profundas e se espalhar até encontrar alguma fissura e uma vegetação mais seca para emergir.
“Determinadas regiões com o solo de turfa, quando está seco, criam bolsões de ar dentro do solo, perfeito para o fogo de turfa que é mais comum quando não há chuva em abundância. E ele pode durar por semanas, até meses”, explica.
Mas como descobrir o fogo de turfa? De acordo com o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul é possível identificar o incêndio por meio de fumaça e até pela temperatura do solo.
“A gente não consegue ver as chamas, pois se trata de um incêndio subterrâneo, mas em alguns casos é possível ver a fumaça da matéria orgânica que está queimando e a temperatura do solo, é muito quente, não dá para aproximar as mãos do solo, muitos animais são surpreendidos com essa temperatura”.
Para impedir a propagação do fogo de turfa são feitas barreiras artificiais “aceiro”.
“São áreas de difícil acesso, com fogo subterrâneo. O que dificulta mais ainda a ação do combate, é a necessidade de abrir trincheira como linha de controle, escavar até o solo mineral para que o fogo não passe por baixo dessa linha. É difícil de andar, muito calor também. A temperatura, nós estamos em junho, mas é a temperatura está alta”, afirma Márcio Yule, coordenador estadual Ibama Prevfogo.
Da enchente à seca, militares atuam contra o fogo no Pantanal — Foto: Saul Schramm
Na segunda-feira (24), o estado de Mato Grosso do Sul decretou estado de emergência nas cidades atingidas pelos incêndios. Para ajudar a conter a situação, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) enviou 82 agentes da Força Nacional para auxiliar no combate ao fogo.
De acordo com o tenente piauiense Luiz Moraes Nunes, alguns militares da Força Nacional já cumpriram missões no Pantanal. Mais de 15 brigadistas que estão em Mato Grosso do Sul, também atuaram no combate às enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul.
“São brigadistas de vários estados. Temos militares do Nordeste, temos militares da parte Centro-Oeste, Norte e de vários estados do Brasil. Alguns militares já vieram a combater o incêndio aqui no Pantanal, mas, no meu caso, é a primeira vez que estou fazendo esse tipo de trabalho aqui”.
O primeiro semestre de 2024 foi o mais devastador para o Pantanal em toda a série histórica de registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Nos primeiros seis meses, 3.538 focos de incêndio consumiram 700 mil hectares no bioma, uma área quase seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro.
Para especialistas, a escalada do fogo em 2024 caminha para um cenário semelhante ou pior ao de 2020, até então o pior ano para o Pantanal desde o fim da década de 1990. Um estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, universidades e ONGs estimou que, naquele ano, ao menos, 17 milhões de animais vertebrados morreram em consequência direta das queimadas no Pantanal.
Pesquisadores do Lasa fizeram projeções matemáticas para o cenário de destruição em 2024. Segundo os pesquisadores, ao mínimo, 3 milhões de hectares podem ser queimados pelo fogo neste ano.
Bombeiros tentando controlar fogo no Pantanal. — Foto: Bruno Rezende
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