Gabriel Donadon Loureiro Pereira estava envolvido em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 100 milhões
Gabriel Donadon Loureiro Pereira, de 28 anos, batizado pela polícia de “O Herdeiro” do PCC (Primeiro Comando da Capital), liderava um esquema de lavagem de dinheiro que envolvia clínicas médicas, odontológicas e empresas do ramo de coleta de lixo. No total, cerca de R$ 100 milhões foram movimentados.
Filho do megatraficante Anderson Lacerda Pereira, mais conhecido como “Gordão”, “O Herdeiro” foi preso preventivamente na segunda-feira (23), na zona leste de São Paulo. Ele estava foragido desde 2020 e era conhecido por compartilhar o mesmo estilo de vida luxuoso do pai – que se inspirava no traficante colombiano Pablo Escobar.
“Gordão” movimentava milhões de reais com o tráfico internacional de drogas e mantinha um minizoológico com cavalos, aves exóticas e até um jacaré em um lago, em um sítio localizado em Santa Isabel, no interior do estado. Como era o filho biológico preferido, Gabriel também usufruía desses bens.
Segundo o delegado Fernando Santiago, do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), responsável pela investigação, Gabriel era considerado o número 2 na linha de sucessão da organização criminosa.
Considerado peça fundamental no esquema de “Gordão”, Gabriel responde a processos por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, porte ilegal de armas e homicídio.
“O apelido dele na organização criminosa era ‘Mini’, justamente em alusão ao pai. Ele tinha o ar de gângster como o pai e era arbitrário e violento. Tinha o mesmo estilo de vida e o mesmo comportamento ameaçador”, afirma Santiago.
Gabriel assumiu o controle dos negócios ilícitos do pai em setembro de 2022, quando “Gordão” foi capturado pela Polícia Civil na Grande São Paulo. Atualmente, o megatraficante está preso na Penitenciária 2, de Presidente Venceslau, no interior do estado.
Lavagem de dinheiro
Da prisão, “Gordão” enviou uma carta a Gabriel e a um filho adotivo. No documento, o o narcotraficante afirma que eles são seus “herdeiros” e “responsáveis por legalizar o meu legado”. Isto é, o dinheiro proveniente da exportação de cocaína para a Europa.
Para isso, a organização criminosa de “Gordão” criou um esquema de lavagem de dinheiro no município de Arujá, na Grande São Paulo.
À reportagem, o delegado do Denarc explica que o megatraficante apoiou financeiramente a campanha do candidato a vice-prefeito de Arujá, Márcio José de Oliveira, em 2015. Em troca, recebeu o controle de alguns serviços públicos a partir da criação de OS (Organizações Sociais) e de empresas, por exemplo, de limpeza urbana.
“É justamente nesse ponto que o Gabriel começa a ter mais protagonismo, posi ele toma a frente desse papel de administrar o Hospital de Arujá. Inclusive ele coloca a mãe dele, a mulher, uma amante, todo mundo que ele conhece para trabalhar no hospital”, aponta Santiago.
O hospital também era usado pela organização criminosa, segundo o delegado, para desviar fentanil, um analgésico potente de uso médico restrito, que posteriormente era misturado com porções de cocaína. O objetivo era deixar as pessoas mais viciadas na droga.
Entretanto, em 2020, o esquema foi desmantelado com a Operação “Soldi Sporchi” (Dinheiro Sujo), coordenada pelo 4° Distrito Policial de Guarulhos, com o cumprimento de 60 mandados de busca e apreensão. Na segunda fase, o vice-prefeito de Arujá chegou a ser preso temporariamente.
Prisão do “Herdeiro”
O filho do narcotraficante foi preso, na segunda-feira (23), no km 27 da rodovia Ayrton Senna, região de Ermelino Matarazzo, zona leste da capital paulista. Ele estava no banco do passageiro de uma picape e tinha um documento falso.
“Ele conseguiu fazer um documento falso muito bem-feito. Ele não pegou uma CNH de uma terceira pessoa e colocou a foto dele. Aquela CNH [apreendida] é dele mesmo. Ele criou uma identidade nova, uma certidão de nascimento e tudo mais”, explicou Anderson Honorato, delegado assistente da 2ª Delegacia do Patrimônio.
Segundo as investigações, após a decretação da prisão preventiva, Gabriel teria deixado o país e se instalado na cidade de Cochabamba, na Bolívia. O regresso ao Brasil aconteceu há aproximadamente 30 dias, e “Mini” estava morando na região de Guaianases, também na zona leste.
Durante a abordagem, Gabriel afirmou – de maneira informal – aos investigadores que o pai estaria “quebrado”, e por isso ele teria se instalado em uma região mais pobre. Entretanto, para Honorato, essa versão dificilmente é verdadeira.
O delegado Fernando Santiago ainda contou que a Bolívia era um porto seguro para a família de “Gordão”. Eles frequentavam bastante o país, que pertence à rota do tráfico internacional de drogas.
Após ser preso, “Mini” foi encaminhado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros IV, na zona oeste da capital, de acordo com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária).
Até a publicação desta reportagem, o R7 não conseguiu contato com o advogado de Gabriel. O espaço continua aberto para manifestações.
Traficante ligado ao PCC mantinha zoológico particular com aves, cavalo e jacaré
A polícia encontrou um pequeno zoológico pertencente ao traficante Anderson Lacerda Pereira, conhecido como ‘Gordão’, preso na segunda-feira (5). Foram achadas na fazenda dele araras e pássaros exóticos, entre outros animais. O espaço fica localizado em Santa Isabel, na região metropolitana de São Paulo.

O megatraficante ligado ao PCC estava na lista vermelha da Interpol. Segundo a polícia, ele movimentava milhões de reais com o tráfico de drogas e armas. Gordão se inspirava no traficante colombiano Pablo Escobar e mantinha também gado, cavalos de raça e cabras no minizoológico
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