Técnico de enfermagem de hospital é denunciado à Justiça por estupro de paciente de covid em MS

Conselho Regional de Enfermagem abriu um processo ético contra o profissional de saúde.

Nove meses depois de ser acusado de violência sexual contra uma paciente de covid-19 no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), técnico de enfermagem de 51 anos foi denunciado à Justiça nesta quinta-feira (18), pelo crime de estupro de vulnerável.

E nesta sexta-feira (19), a vítima, de 37 anos, teve de reviver a lembrança da violência sexual sofrida enquanto batalhava pela sobrevivência diante do novo coronavírus. Acompanhada da mãe, foi ouvida no processo ético aberto pelo Conselho Regional de Enfermagem.

Em fevereiro, em pleno auge da pandemia de covid-19, a mulher gravou um áudio para a mãe contando que foi abusada pelo profissional de saúde, quando estava totalmente vulnerável e até respirava com a ajuda de um cilindro de oxigênio

Punições

No processo criminal por estupro de vulnerável, a pena máxima prevista é de 10 anos. No âmbito administrativo, o processo do Coren pode resultar em cassação do registro profissional. Ambos correm em sigilo e por isso os nomes serão preservados.

Consequências

Segundo a mãe da vítima, a mulher está com transtornos psicológicos e recebendo ajuda de órgãos públicos, assim como da área de psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), para tratamento.

“Não é fácil ver uma pessoa jovem passando por isso, tendo que reviver tudo o que aconteceu. Ela está fazendo tratamento psicológico. Graças a ajuda que estamos recebendo e eu sou muito grata”, disse em entrevista ao g1.

A mãe desabafa sobre o que as duas estão passando. Segundo ela, assim como ocorre com inúmeras vítimas de estupro, a filha vem sendo constantemente desacreditada.

“Estou buscando justiça e não vingança. É muito triste o que tenho passado com a minha filha. Ela tem 37 anos e teve a vida interrompida. Ela não conhecia ele, então não tem como ser vingança ou picuinha. Infelizmente, ela foi escolhida para ser vítima”, afirma.

Além do depoimento da filha, a polícia obteve imagens de câmeras de segurança do HRMS. Nove testemunhas do caso foram ouvidas.

De acordo com a delegada Maíra Machado, responsável pelo caso, na época foi solicitada a prisão preventiva do acusado, que não foi aceita pelo judiciário.

“A decisão, salvo engano, limitou a ação dele no próprio hospital ou em qualquer outro lugar. No nosso inquérito ele foi indiciado, porque depois de toda as provas entendi que ele poderia ser, sim, o autor. Havia indícios da materialidade do crime”, explica.

A delegada esclarece que não há novos pedidos de prisão para o homem acusado de abuso de vulnerável, e que somente se surgirem novos fatos é que outra representação poderá ser feita.

“Não é que não caiba mais a prisão. Se surgirem fatos novos até podemos representar, mas se não tiver nada eu não posso”.

A mãe lamenta não apenas pela vida que a filha está levando, com transtornos e problemas psicológicos, mas também pela classe dos enfermeiros.

“Sei a importância que tem a imprensa séria e agradeço a todo mundo que tem auxiliado. Estou revoltada de ver a imagem do profissional de enfermagem ser manchada por um ser humano desqualificado e covarde como ele”, diz.

“Reiteramos que todos os casos nos campos administrativo e assistencial são pautados nos ditames éticos e legais vigentes para tomar as devidas providências. Por se tratar de um processo judicial, todas as informações serão repassadas as autoridades competentes”, diz o texto.

Quando ouvido pela Polícia Civil, o suspeito negou ter cometido violência sexual, disse ter tido pouco contato com a paciente durante a atuação no plantão onde ela estava internada.

Relembre o caso

Em 4 de fevereiro, a mulher de 37 anos, internada para o tratamento de Covid no recebe a visita da mãe e grava para ela um áudio no celular relatando um episódio de estupro.

No áudio, a vítima dá detalhes de como foi estuprada no hospital, e pede para que a mãe leve a denúncia até a delegacia.

A mãe vai até a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), faz a denúncia e afirma que a filha “estava em estado de choque”.

Segundo as informações divulgadas na época, o técnico em enfermagem de 51 anos praticou o ato de violência durante a noite.

A ação penal corre na 3ª Vara Criminal em Campo Grande, onde a denúncia do Ministério Público foi protocolada ontem e agora aguarda apreciação pelo juiz responsável.

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