Apesar do conjunto de evidências reunidos pela polícia, empresário nega os crimes
O empresário Jean Michel de Souza optou pelo direito de permanecer calado em depoimento à Polícia Civil na noite de segunda-feira (9), na Delegacia de Umuarama, onde foi preso em flagrante.
Visivelmente abatido e com olheiras profundas, ele afirmou apenas que é inocente das acusações de ter matado a esposa, Jaqueline Soares (39 anos), o sogro Antônio Soares dos Santos (65 anos) e a sogra Helena Marra dos Santos (59 anos), todos a facadas.
De acordo com os peritos do Instituto de Criminalística o crime foi cometido por volta das 22 horas de domingo (8). Os corpos só foram encontrados na manhã seguinte, pela funcionária da residência.
O imóvel, localizado na avenida São Paulo, próximo a praça do Japão, é alugado. Os moradores eram considerados muito discretos pelos vizinhos.
Jean não vivia no sobrado. Estava na casa da mãe e buscava um apartamento para se mudar com a esposa, após mais uma reconciliação.
O rapaz não se dava bem com os sogros, que cobravam dele uma mudança de postura em relação ao casamento.
Jaqueline sabia de traições do marido, que não demonstrava o carinho esperado por ela. “Ao mesmo tempo que parecia não querer seguir casado, o Jean demonstrava um ciúme exagerado. Eu sei que a Jaque queria que desse certo. Ela lutou muito por isso”.

De acordo com a amiga, Jaqueline era uma pessoa querida e sonhava com a magistratura. Tinha como referência a irmã e o cunhado, que são juízes em Paranavaí.
A amiga também confirmou que Jean e o sogro Antônio não se davam bem. O sogro cobrava uma mudança de comportamento por parte do genro.
Antônio passava a maior parte do tempo cuidando de suas lojas de tecidos e aviamentos em Guaíra, no Paraná, e Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul.
Foi Antônio dos Santos quem incentivou Jean e a esposa a abrirem uma loja, também de aviamentos, em Umuarama. Antes de iniciar como empresário, Jean trabalhou na área de almoxarifado de um hospital da cidade e na Regional de Saúde.
Briga de família
Testemunhas contaram à Polícia Civil que havia muitas brigas entre a família de Jaqueline e o marido dela. Isso, porque ele não se dava bem com a família da esposa e os sogros cobravam uma mudança de postura dele, em relação ao casamento. Jaqueline era advogada e uma amiga confirmou que o casal tinha um relacionamento conturbado.
Até mesmo traições teriam sido descobertas pela vítima. “Ao mesmo tempo que parecia não querer seguir casado, Jean demonstrava um ciúme exagerado. Eu sei que a Jaque queria que desse certo. Ela lutou muito por isso”, disse a amiga.
Manchas de sangue
Dentro da casa da família, havia uma pegada de chinelo em uma das poças de sangue. O calçado coincide com o usado por Jean e manchas de sangue também foram encontradas na lavanderia da casa da mãe dele, além do volante do carro do empresário, um Astra.
Mesmo casados, Jean e Jaqueline moravam em casas separadas. Por conta das discussões, o acusado decidiu morar com a mãe e procurava um apartamento para viver com a mulher, longe dos pais dela. Jaqueline já teria reclamado de agressões e abusos cometidos pelo marido, mas acreditava que as coisas poderiam melhorar.
Frieza
Após o crime, Jean chegou a ir trabalhar na manhã de segunda-feira e disse aos policiais que sabia das mortes, pelas notícias da imprensa. Ele foi levado para a delegacia e a frieza despertou estranheza para os policiais. Conforme o delegado responsável pelo caso, Gabriel Menezes, não é possível dizer se o autor premeditou o crime.
No entanto, ele estava muito calmo e tranquilo, quando foi abordado na loja, sem demonstrar estar consternado com a morte da esposa e dos sogros. Depois, ele foi levado para a casa das vítimas e, mesmo ao redor de todo o sangue, ele não demonstrou qualquer abalo emocional. Até o momento, o caso é tratado como um crime passional e segue em investigação.
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