Investigação aponta que 220 armas apreendidas em operações da Polícia Civil foram desviadas de uma delegacia de Belo Horizonte e vendidas a organizações criminosas. A defesa afirma que a medida de prisão foi desproporcional.
As investigações que apuram o desvio de cerca de 220 armas da Polícia Civil por uma servidora apontam que parte do armamento desaparecido foi vendido para facções criminosas, como o Terceiro Comando Puro (TCP) e outras organizações da capital mineira e do entorno.
As 220 armas sob responsabilidade da unidade policial haviam sido apreendidas em operações e estavam sob guarda da delegacia. O desvio foi descoberto após uma das armas, que já tinha registro de apreensão, ser novamente confiscada em outra ação policial.
Segundo o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol-MG), o caso acende um alerta sobre a infiltração do crime organizado e a vulnerabilidade das estruturas de custódia de materiais apreendidos.
“A grande preocupação nossa é que isso tenha voltado para a mão de organizações criminosas, sim, e que organizações criminosas estejam aliciando servidores internamente. Então isso é um problema gravíssimo. O que a gente vê é a falta de estrutura hoje da Polícia Civil, infelizmente criando um ambiente para que isso aconteça”, afirmou Wemerson Oliveira, presidente do Sindpol-MG.
- 🔎 O TCP é uma facção criminosa que surgiu no Rio de Janeiro como uma dissidência do Comando Vermelho, após disputas internas. Em BH, a organização tem forte atuação na Cabana do Pai Tomás, comunidade vizinha à delegacia onde os furtos aconteceram.
A mulher presa, Vanessa de Lima Figueiredo, de 44 anos, é concursada da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) e havia sido cedida para trabalhar na delegacia. A Polícia Civil informou que as armas desviadas são de baixo calibre e muitas delas consideradas obsoletas.
“Objetos apreendidos como mídias e documentos serão encaminhados para análise pela perícia técnica. Foi ainda instaurado procedimento de correição administrativa para apuração de todas as irregularidades constatadas”, disse Aloísio Daniel Fagundes, chefe da Assessoria de Comunicação da Polícia Civil de Minas Gerais.
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