Alto custo dos fertilizantes encarecerá a produção da soja 2025/2026 em até 7%

Conforme a Conab, o preço por tonelada dos principais adubos utilizados pelo agro em Mato Grosso do Sul subiu até 43%

As projeções para a safra de grãos 2025/2026 apontam um cenário desafiador para os produtores brasileiros, especialmente diante da tendência de alta nos custos de produção e da pressão nos preços internacionais. O desembolso do produtor deve apresentar alta de aproximadamente 7%, conforme a Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), puxado pelo aumento nos preços dos insumos, especialmente dos fertilizantes, a depender do momento de compra e da região.

As informações foram apresentadas pelo projeto Campo Futuro da CNA, durante reunião da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas. Para a soja, a estimativa é de aumento médio de 4% no desembolso do produtor, puxado principalmente pela elevação nos preços dos fertilizantes e de parte dos defensivos agrícolas. 

Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o preço por tonelada dos principais fertilizantes utilizados pelo agro em Mato Grosso do Sul variou até 43%. O cloreto de potássio, por exemplo, saltou de R$ 2.500 por tonelada, em 2024, para R$ 3.066 por tonelada, neste ano, uma alta de 22,6%. 

O monofosfato de amônio (MAP) foi de R$ 4.000 por tonelada, no ano passado, para R$ 5.725 por tonelada, neste ano, alta de 43% . Já a tonelada de ureia ficou 25% mais cara entre o ano passado e o ciclo atual, saindo de R$ 3.200 para R$ 4.000.

“Os preços são mesmo bem salgados. Tivemos um ano marcado por tempo seco e quente, mas, de qualquer forma, o produtor fica à mercê de qualquer variação climática”, explica o consultor agrícola e engenheiro-agrônomo Alisson Eduardo Mello Cirino. 

Ainda conforme o consultor, essa variação é o que torna todo o planejamento, a cada ciclo, desafiador. “O produtor não vai comprar ou estocar fertilizante em um período que esteja mais barato sem que seja recomendado pelo agrônomo responsável”, reforça. 

“O ideal é que os insumos sejam bem armazenados, com acondicionamento correto e em local adequado, pois, assim, ele não perde sua viabilidade. Então, como o produtor sempre vai se basear naquilo que é recomendado, se seu rendimento flutuar, é o que acaba sendo uma grande incerteza”, finaliza Cirino.

MERCADO
Além do aumento dos custos, o mercado internacional também contribui para um ambiente de incertezas. A queda nos preços futuros da soja e a possibilidade de produtividades abaixo da safra atual, em função das incertezas climáticas, podem comprometer os resultados da próxima safra. Nesse cenário, a margem bruta do produtor pode cair mais de 35% nas regiões analisadas.

Um dos fatores acompanhados pelo mercado é a oferta dos fosfatados, que tem sofrido influência do cenário geopolítico. Além da guerra entre Rússia e Ucrânia, a política chinesa – um importante fornecedor – de priorizar o mercado interno em detrimento da exportação limita a disponibilidade.

Em Mato Grosso do Sul, a produtividade necessária para cobrir os desembolsos da atividade ficam em torno de 54 sacas por hectare. Enquanto na safra passada, por exemplo, o Estado colheu 51,7 saca/hectare. 

Para o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, André Dobashi, os produtores precisam ficar atentos aos custos, que estão acima dos da safra atual.

 “É importante verificar os valores de arrendamento de terras e preços dos principais insumos, como fertilizantes, para não prejudicar as margens da produção”, afirma.

O diretor de fertilizantes da StoneX Brasil, Marcelo Mello, informa que diversos fatores, como a guerra comercial dos Estados Unidos, os problemas de produção na Índia e a alta demanda de diversos países, devem impactar o fornecimento de fertilizantes neste ano.

CUSTO DE PRODUÇÃO
Mesmo diante de leve queda das despesas totais, quase metade do custo de produção do agricultor continua sendo de fertilizantes, conforme dados da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS).

De acordo com o último boletim econômico de custo de produção divulgado pela entidade, as despesas com o custeio da lavoura deste último ciclo chegaram a registrar uma leve queda de 1,9%, em comparação com o ciclo anterior. Ainda assim, os fertilizantes seguem como o maior gasto, ocupando quase a metade de todos os gastos que o produtor tem.

No comparativo das safras 2023/2024 e 2024/2025 da soja, foi registrada uma leve queda. Na primeira, o produtor teve um custo total de R$ 6.170,61, enquanto, na segunda, foi de apenas R$ 5.998,00 o que representa uma queda de 2,8%. 

Ao analisar o detalhamento das despesas com fertilizantes, o produtor de soja precisou desembolsar R$ 1.083,50 no ciclo finalizado no ano passado, enquanto neste último ciclo as despesas com o insumo subiram para R$ 1.1250,00.

Os gastos da safra do milho foram de R$ 3.618,18, em 2023/2024 para R$ 2.890,46, no último ciclo. O produtor precisou desembolsar R$ 1.978,70 em fertilizantes no primeiro ciclo, o que representou 54,69%. Já na safra seguinte, a despesa com o insumo caiu para R$ 1.209,80, o que representou 41,85%, ainda assim, o maior porcentual.

Via: Correio do Estado

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