‘Tarifaço’ de Trump: Lula diz que vai reagir comercialmente e fala em eventual denúncia na OMC

Presidente contou em entrevista que não conversou com líder americano e destacou relações comerciais entre os dois países

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (14), que vai aplicar o conceito de reciprocidade com os Estados Unidos em eventual implementação de tarifa de importação contra o aço brasileiro. Em entrevista a uma rádio paraense, o petista disse não ter relacionamento com o mandatário americano, Donald Trump, e citou eventual denúncia contra os EUA na OMC (Organização Mundial do Comércio).

“Enquanto os Estados Unidos tiverem uma relação civilizada e harmônica, tudo bem. Eu ouvi dizer que vai taxar o aço brasileiro. Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na Organização Mundial do Comércio ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, disse Lula.

“Eu não tenho relacionamento [com Trump]. Eu ainda não conversei com ele, ele não conversou comigo. O relacionamento é entre o Estado brasileiro e o Estado americano. Temos 200 anos de relações diplomáticas e os Estados Unidos são um país extremamente importante”, completou.

De acordo com Lula, a relação comercial EUA-Brasil é igualitária, com cerca de R$ 40 bilhões para cada lado. Adicionando os itens de serviço, o país de Trump tem um superávit de pouco mais de R$ 7 bilhões. “Se o Trump cuidar dos Estados Unidos, e eu cuidar do Brasil, tudo estará maravilhosamente bem”.

Recentemente, Trump anunciou aumento de 25% na tarifa de importação de aço e alumínio. Durante conversa com jornalistas no avião, o presidente americano explicou que os Estados Unidos vão cobrar o mesmo nível de taxas impostas pelos parceiros comerciais. A medida afeta o Brasil, uma vez que é exportador do produto.

A ameaça de Trump não é novidade para a comunidade internacional. No primeiro mandato, ele aplicou tarifa de 25% sobre aço e 10% sobre alumínio. Depois, concedeu isenções tarifárias para diversos países, incluindo Brasil e Canadá. Diante da queda da capacidade das indústrias siderúrgicas dos EUA, Joe Biden estendeu o benefício para outros continentes.

Na última quarta-feira (12), o vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que o Brasil iria procurar os Estados Unidos para resolver a questão. Uma das alternativas seria a aplicação de cotas alternativas para países, assim como foi feito no primeiro mandato de Trump.

Professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense, Viterio Brustolin afirma que a taxação pode gerar dificuldades para o setor siderúrgico brasileiro, já que o Brasil “não tem outro parceiro para vender” os metais – países da Europa enfrentam recessão, e a China, que tem uma grande produção de aço, exporta apenas minério de ferro do país.

Atualmente, os EUA produzem cerca de 90 milhões de toneladas de aço por ano, e o consumo interno varia entre 90 a 200 milhões de toneladas. Já no setor de alumínio, a produção é de 3,5 milhões de toneladas anuais, o que torna o país dependente da importação. “A expectativa é de que os Estados Unidos precisarão importar alguma quantidade ainda de aço e de alumínio porque, para a indústria siderúrgica fornecer o que eles precisam, seria necessário de três a sete anos”, pontuou Brustolin.


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