Já existe pelo menos uma quinzena de ações judiciais contra o grupo, de clientes que compraram grãos e não receberam
O Grupo Cerrado, dono de uma empresa que comercializa grãos e de uma transportadora, com sede em Campo Grande, pediu recuperação judicial, alegando que, em três meses, têm dívidas a vencer de R$ 60 milhões, e que enfrenta dificuldades financeiras para arcar com o montante.
Já existe pelo menos uma quinzena de ações judiciais contra o grupo, de clientes que compraram produtos como milho e não receberam.
Em decisão do dia 10 de janeiro, o juiz Cláudio Müller Pareja, da Vara Regional de Falências e Recuperações, acatou o pedido da empresa, determinando a suspensão por seis meses das ações e execuções contra as devedoras, a Cerrado Comércio de Cereais e a Joana Transportes.
Na mesma decisão, o magistrado deu 15 dias úteis para os credores do grupo se habilitarem junto ao administrador do processo de recuperação judicial, a VCP (Vinícius Coutinho Consultoria e Perícias). A consultoria foi nomeada pela justiça para cuidar do programa que visa evitar a derrocada da empresa, encontrando saídas para sanar a dívida.
“Terminado o prazo de 15 (quinze) dias para a apresentação das habilitações, inicia-se o prazo de 45 dias para a Administradora publicar o edital contendo a relação de credores”.Decisão judicial acatando a recuperação do grupo
Para as dívidas trabalhistas, a decisão esclarece que precisam ter sentença judicial para serem habilitadas.
O que aconteceu?
Na apresentação do pedido de recuperação judicial, o grupo Cerrado elenca 52 motivos para receber da Justiça a oportunidade de se refazer.
“Em verdade, o principal objetivo da recuperação judicial é “salvar a empresa em crise que demonstre ser econômica e financeiramente viável, com a finalidade precípua de mantê-la empregadora de mão de obra, produtora e distribuidora de bens e serviços, criadora de riquezas e de prosperidade, gerando impostos e, por igual, ao mesmo tempo, respeitar os interesses dos credores10 ”.Petição da empresa à Justiça
A origem da dívida
Conforme descrito na peça processual, são 11 funcionários diretos, 80 indiretos e 50 agricultores que fornecem grãos para o grupo. De acordo com o documento protocolado na Justiça, um calote de R$ 680 mil levado pela empresa em 2019 começou a gerar um endividamento.
“Em decorrência desta inadimplência a empresa foi obrigada a dar melhores condições de preço no mercado para poder continuar girando a operação, o que fez com que as margens fossem sendo prejudicadas”, prossegue a petição.
Na exposição de motivos, também são citadas a queda no preço das commodities – soja e milho – no mercado internacional, e ainda as perdas na safra sul-mato-grossense, ocorridas no período 2021/2022.
“No ano de 2022 foi o menor ano de contrato para venda futura. Por sua vez, o ano 2023, foi o ano que se honrou muito contratos com prejuízo, o que levou ao endividamento e extrema manutenção da dificuldade financeira da empresa”, argumenta o documento.
O Grupo Cerrado informa à Justiça que, a despeito da alegada crise financeira, “vem numa crescente de comercialização e faturamento desde a sua constituição”.
Nos últimos meses, diz o grupo, foram comercializados em torno de 390 mil toneladas de grãos – 101.000 t de soja e 289.000 t de milho. O faturamento declarado é de R$ 852 milhões.
“É um dos maiores comercializados de soja, algodão e milho da região, alimentando a economia não só regional, mas os cofres públicos e a população de diversas localidades através de geração de riquezas decorrentes de sua atividade e, em que pese as dificuldades que enfrenta, é patente a sua viabilidade econômico-financeira, como oportunamente restará demonstrado em detalhes”, argumenta o pedido de recuperação judicial.
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