Samuel Góes dos Santos está sendo procurado pela Polícia; vítima segue internada na Santa Casa de Campo Grande
O policial militar Marcelo Goés dos Santos, irmão de Samuel Góes dos Santos, de 27 anos, suspeito de manter a namorada de 17 anos em cárcere e torturá-la, revelou que o suspeito faz uso de crack há doze anos, e já passou por pelo menos 14 internações.
“Aos 13 anos, ele foi diagnosticado com uma mancha preta no cérebro, indicando esquizofrenia. Aos 13 anos ele começou a usar maconha, aos 15 começou a usar cocaína, e na sequência já começou a usar crack”, contou com exclusividade ao Correio do Estado.
Além disso, Samuel também teria tentado trabalhar em escolta armada, passando por curso de armamento. No entanto, segundo o irmão do suspeito, ele nunca chegou a portar uma arma ou efetivamente atuar na profissão, por conta das drogas e o afastamento pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“O meu irmão não consegue trabalhar, a maioria do tempo de vida que ele teve, até hoje, foi internado em clínica, em São Paulo, aqui em Campo Grande”, acrescentou.
Samuel mantinha o relacionamento com a adolescente de 17 há pelo menos um ano. Na noite da última terça-feira (17), a vítima foi resgatada de uma quitinete no Bairro Moreninhas, onde o casal morava há aproximadamente três semanas, e encaminhada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com queimaduras e demais ferimentos pelo corpo.
Após passar pelos atendimentos iniciais, a vítima prestou depoimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), e passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol).
À polícia, informou que vivenciou sessões de tortura por cerca de uma semana, tempo em que ficou em cárcere: teve os cabelos cortados por uma faca, foi queimada com ferro de passar e água quente, levou choques elétricos enquanto tomava banho e ainda teve as partes íntimas cortadas com uma faca.
Para coibir reações da vítima, o agressor teria a dopado com um medicamento utilizado no tratamento contra ansiedade e depressão.
A equipe de reportagem entrou em contato com a Santa Casa de Campo Grande, para verificar o estado de saúde da vítima. No entanto, a família optou por não fornecer informações.
Samuel Góes segue foragido. A família afirma que não foi contatada pelo suspeito desde que tomou conhecimento do crime, e que o homem costumava “sumir” quando voltava a fazer o uso dos entorpecentes.
“Ele tinha saído da clínica recentemente, e ele tinha ficado bastante tempo lá, um ano e pouco. E teve alta, só que ele não consegue ficar nem um mês sem usar droga, e quando ele tem o primeiro contato com a droga, e aí isso é normal de todo usuário, eles ‘invernam’, vamos dizer assim, eles somem, desaparecem usando muita droga”, lamentou.
Relacionamento
Marcelo afirmou que por atuar na fronteira do Estado com o Paraguai, não sabe muitos detalhes do relacionamento do irmão com a vítima. No entanto, disse que o casal se conheceu na Igreja, e que a vítima costumava visitar Samuel nos períodos em que ele estava internado.
“Ficava muito alterado”
Questionado sobre o comportamento do irmão em relacionamentos anteriores e até mesmo no convívio familiar, Marcelo afirmou que o homem vivia “alterado”, mas atribuiu o comportamento ao uso de drogas.
“Sempre quando ele esteve sob efeito de drogas ele ficava muito alterado, sempre dizendo que estava vendo bicho, vendo demônio, vendo pessoas que ‘queriam matar ele’. Então fica [agressivo], né?”, relatou.
Teme pela vida do irmão
Principalmente por terem sido criados em um lar cristão – o próprio Samuel escrevia com orgulho nas redes sociais que era fiel da Congregação Cristã no Brasil (CCB) -, a família lamenta que o caçula tenha seguido o caminho das drogas – e o desfecho do relacionamento.
“Eu amo meu irmão, tenho também um amor cristão pela ex-companheira dele, e fiquei extremamente abalado por tudo isso. É impossível a gente não sofrer, né? Apesar da atrocidade que uma pessoa usuária de drogas é capaz de fazer”, comentou.
Questionado sobre as condições em que Samuel – que está foragido – pode estar, e a busca da polícia, Marcelo (que é policial militar) afirmou temer pela vida do irmão.
“Eu temo, com certeza. E como ele não está armado, eu sei que a polícia militar tem condições de fazer uma abordagem, de neutralizar ele, inclusive com com arma de choque, bala de borracha, sem tirar a vida dele”, concluiu.
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