Entidades representativas afirmam que não orientaram motoristas profissionais a participarem das manifestações e acusam Jair Bolsonaro de ter utilizado categoria para obter apoio político
O discurso contra integrantes do judiciário entoado durante as manifestações desta terça-feira (7/9), data que celebra a Independência da nação brasileira, continua a reverberar após o Sete de Setembro. Desde o início da manhã desta quarta-feira (8/9), caminhoneiro impedem o tráfego de veículos de cargas em trechos de rodovias federais.
Até o momento, filas quilométricas foram registradas na Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul. Apesar de reter caminhões, o bloqueio é pontual, ou seja, veículos de passeio estão autorizados a trafegar.
Nas imagens que circulam nas redes sociais, além de comemorar a paralisação dos veículos, caminhoneiros manifestam apoio às declarações antidemocráticas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro durante o feriado.
Em um dos vídeos, um caminhoneiro afirma que a categoria não vai aceitar que o Brasil “seja comandado por 11 ministros” e acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de ser “uma milícia”.
“Não está passando caminhão vazio, só passa ônibus, carro pequeno e carga perecível”, alerta outro manifestante bolsonarista.
Ao Correio, o Ministério da Infraestrutura informou que, nas últimas horas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) desmontou 67 ocorrências de bloqueio do trânsito com concentração de populares e tentativas de bloqueio total ou parcial de rodovias.
“A PRF encontra-se em todos os locais identificados e trabalha pela garantia do livre fluxo com a tendência de fim das mobilizações até a 0h de 9/9”, diz em nota. Ainda segundo a pasta, vídeos e fotos que circulam na web não refletem necessariamente o estado atual da malha rodoviária.
Divisão
Procurado, o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Nestor Dias, diz que os atos não têm relação com a categoria e nega apoio às pautas levantadas por Bolsonaro. Segundo ele, caminhoneiros autônomos participam dos bloqueios nas rodovias.
A entidade promoveu ainda uma ação, na 20.ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, contra a União e o presidente Jair Bolsonaro por utilizar a categoria para obter apoio político nos atos antidemocráticos realizados no último feriado.
Antes disso, no último sábado (4/9), a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista comunicou em nota que “repudia veementemente qualquer ação ou pretensão declarada que viole as garantias constitucionais do Estado Democrático de Direito e da coexistência de poderes institucionais independentes e harmônicos entre si”.
O manifesto assinado pelo deputado federal Nereu Crispim (PSL/RS) ainda diz que “não há espaço para omissão dos representantes de direitos da categoria dos caminhoneiros autônomos e celetistas que devem expressamente manifestar-se contra ato atentatório dos pilares da democracia”.
MT tem atos em trechos de rodovias em 8 municípios
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Manifestantes bloqueiam trechos de rodovias nesta quarta-feira (8) e impedem a passagem de veículos de carga. As interdições acontecem em Rondonópolis, Várzea Grande, Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Matupá, nas BRs 163, 364, 070 e 158, e em Tangará da Serra, na MT-358.
Os bloqueios são feitos por manifestantes pró Bolsonaro e por pessoas contrárias ao aumento do preço dos combustíveis. Eles pedem a retirada dos ministros da Supremo Tribunal Federal (STF) e o voto impresso. Alguns seguram cartazes escritos, por exemplo, ‘Fora China’ e ‘Intervenção militar com Bolsonaro no poder’ (em inglês).
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Até o fim da manhã, as pistas foram liberadas em alguns pontos. Veja como está cada trecho:
Rondonópolis: km 119 da BR-163 (ou 202 da BR-364), com bloqueio de passagem de veículos de carga, exceto perecíveis e vivas durante a manhã. O tráfego foi liberado às 12h.
Lucas do Rio Verde: km 687 da BR-163, com bloqueio de passagem de veículos de carga, exceto perecíveis e vivas.
Sorriso: km 745 da BR-163 há manifestantes, mas não tem bloqueio.
Sinop: km 821 da BR-163, com manifestação, mas sem bloqueio.
Nova Mutum: km 598 da BR-163, com bloqueio de passagem de veículos de carga, exceto perecíveis e vivas
Várzea Grande : km 517 da BR-070, com bloqueio de passagem de veículos de carga, exceto perecíveis e vivas.
Primavera do Leste: km 272 BR-070. Nesse ponto, segundo a PRF, está sendo impedida a passagem de veículos de carga e é permitida apenas carros de passeio, ônibus e veículos emergenciais.
Tangará da Serra: caminhoneiros autônomos bloquearam parcialmente a MT-358. Apenas carros de passeio e cargas perecíveis podem circular.
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Há grande quantidade de veículos de carga estacionados sobre a via e canteiro central. A mobilização segue no km 202. A passagem de automóveis, ambulâncias, ônibus e veículos de cargas vivas e perecíveis está liberada.
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Bloqueios e manifestações continuam em MT nesta quarta-feira (8) — Foto: Divulgação
Nesse 7 de setembro, a concessionária Rota do Oeste, que administra trecho da BR-163, informou que um veículo tentou furar bloqueio e foi apedrejado por manifestantes no município.
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Cinco cidades de MT egistraram bloqueios em rodovias nesta terça-feira, feriado de 7 de Setembro, Dia da Independência. — Foto: Divulgação
Em Lucas do Rio Verde, BR 163, km 687, manifestantes bloquearam o trânsito na rodovia em ambos os sentidos, por volta das 8h.
7 de setembro
Cuiabá e pelo menos outras 14 cidades de Mato Grosso registraram manifestações nesse feriado. Foram registrados atos contra e a favor o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Os atos desta terça-feira (7) foram convocados por Jair Bolsonaro e acontecem em meio a embates do presidente com o Supremo Tribunal Federal (STF), e em um contexto de uma acentuada crise econômica e também de queda na popularidade e nas avaliações sobre a atual administração.
As manifestações convocadas são pautadas por ameaças antidemocráticas a ministros do Supremo e ao Congresso.
Os manifestantes protestaram na BR-364 e BR-163, em Rondonópolis; Lucas do Rio Verde; Sorriso; Sinop; Guarantã do Norte; Matupá; Pontes e Lacerda e Nova Mutum, desde o início da manhã, a favor do governo. Em dois trechos, houve restrição de passagem de veículos de carga, exceto com carga viva e produtos perecíveis.
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