Um ano após perder 26% do bioma, Pantanal corre o risco de ter incêndios piores neste inverno

Região ainda nem se recuperou direito da tragédia de 2020, e previsão é de estiagem ainda mais severa neste inverno. Comunidade ribeirinha tem sobrevivido de doações.

Na comunidade ribeirinha de Barra de São Lourenço, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, famílias que antes sobreviviam da pesca, da coleta de iscas vivas e da agricultura de subsistência dependem de doações para viver desde o ano passado, quando viram a região ser devastada pelas queimadas.

Em 2020, o Pantanal foi atingido pela maior tragédia de sua história. Incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares. 26% do bioma – uma área maior que a Bélgica – foi consumida pelo fogo. Cerca de 4,6 bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram.

Só no território de Mato Grosso do Sul, 1,7 milhão de hectares virou cinzas. No Mato Grosso, a destruição foi maior: quase 2,2 milhões de hectares.

A região ainda não se recuperou direito e corre agora o risco de reviver essa catástrofe — e talvez numa escala até pior, segundo alerta de cientistas. A previsão é de um novo recorde de estiagem neste inverno. Somado a isso, o país vive uma crise hídrica, que também assola a região, com o nível dos rios mais baixo para essa época.

“Não tem isca, não tem pesca, o peixe está muito ruim porque as baias e os corixos [canais] estão todos impedidos porque estão secos. Não tem como o peixe ir e vir porque não tem circulação de água. A dificuldade é imensa. Vivemos das doações que recebemos. Tentamos plantar alguma coisinha, mas está difícil de ir para frente”.

O desabafo é de Leonilda Ares de Souza, de 54 anos. Desde que nasceu, ela vive no local, que fica quase isolado no meio do Pantanal. A cidade mais próxima é Corumbá, a 250 quilômetros de distância, e o único acesso é por barco.

Diante desse cenário, autoridades se mobilizam, capacitando e ampliando equipes de combate. No entanto, especialistas questionam a distribuição do efetivo.

Raio-x do Pantanal — Foto: Elcio Horiuchi/G1

Com a estiagem de 2020, o nível do rio Paraguai, no Pantanal caiu e vários bancos de areia apareceram no leito — Foto: TV Morena/Reprodução

O alerta de uma nova grande estiagem no Pantanal vem a partir de estudos como o do pesquisador Marcelo Parente Henriques, do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Ele aponta que, pelo segundo ano consecutivo, está previsto um recorde histórico de estiagem na região.

Segundo Henriques, as sete estações fluviométricas instaladas ao longo do rio Paraguai – principal curso de água do Pantanal -, entre Cáceres (MT) e Porto Murtinho (MS), têm apresentado níveis bem abaixo da média.

O motivo é a pouca chuva na região. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a precipitação dos últimos meses na bacia do alto Paraguai ficou abaixo do esperado. O Pantanal não tem uma “cheia” há três anos, conforme dados do SGB-CPRM. A principal condição para que ela aconteça é que o nível d’água na estação fluviométrica de Ladário supere os 4 metros. A última vez foi em 2018, quando atingiu a máxima de 5,35 metros.

Situação do Pantanal em 2020 — Foto: Elcio Horiuchi/G1

Situação do Pantanal em 2020 — Foto: Elcio Horiuchi/G1

Desde então, boa parte da planície não é inundada, o que dificulta a navegação pelos rios que cortam o bioma e tem impacto direto no combate às queimadas porque os rios são usados pelas equipes para chegar aos locais de difícil acesso por terra.

Fonte: G1MS

Sobre Noticidade Brasil 9338 Artigos
Noticidade Brasil é um portal de noticias que veio com a ideia de levar a informação de modo rápido e de fácil acesso ao publico. Contamos com uma equipe totalmente qualificado e com parceiros que estão aptos a nós ajudar levar a informação até você. Noticidade Brasil, a notícia a um clique de distancia.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*