Operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira com sequestro de bens e apreensão de veículos
A Operação Cornucópia II indiciou 101 pessoas acusadas de fazerem parte de um esquema de desvios de recursos públicos, na Prefeitura de Corumbá, entre o final da primeira e na segunda gestão do ex-prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (falecido em 2017), a partir de 2008. A primeira fase da operação, realizada pela PF e Ministério Público Estadual, aconteceu no dia 23de novembro de 2013 após um ano de investigação.
O delegado da PF, Wesley Amato, responsável pela operação, disse que essas 101 pessoas eram servidores públicos que faziam empréstimos bancários em seus nomes, a mando dos líderes da organização, que foram investigados durante a Operação Cornucópia I.

“A primeira operação, como houve prisões preventivas, o delegado na época teve que concluir a investigação, mas não teve sequestro de bens e como havia indiciado os presos, teve que encerrar as investigações. No entanto, foi aberta essa nova investigação, com a Cornucópia II, para fazer os levantamentos dos bens e a participação dos 101 servidores, já que na primeira fase só foram indiciados os líderes da organização criminosa”, explicou.
Além disso, afirmou que os mandados de busca e apreensão foram feitos na casa de pessoas apontadas como “líderes dessa organização”.
“Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, sendo um em Campo Grande e seis em Corumbá, totalizando nove pessoas, porém, dos investigados diretamente nessa edição, dois deles fizeram colaboração premiada e dois são apontados também como os responsáveis em causar mais danos ao erário público”, afirmou.
Durante a operação desta quinta-feira, seis veículos foram apreendidos pelos policiais federais. “Dos carros, dois foram em Campo Grande e quatro em Corumbá”, esclareceu o delegado. “Além disso, estamos realizando o sequestro bancário, onde depois de tudo analisado e apreendido, será devolvido aos cofres públicos”, especificou o delegado Amato, se referindo aos valores sequestrados dos indiciados.

O esquema
Segundo a Polícia Federal, o esquema consistia no aumento ilegal da folha de pagamento de servidores cooptados pelo grupo com consequente aumento na margem para contratação de empréstimos consignados.
Os empréstimos eram aprovados e, posteriormente, os valores eram sacados na rede bancária e repassados à cúpula da organização, gerando prejuízo aos cofres públicos. A equipe de investigação apurou que o montante obtido ilegalmente foi de R$ 60.608.424,58 e que o esquema começou a ruir a partir da mudança da administração em 2013, quando as gratificações foram cessadas e os próprios servidores cooptados passaram a ficar devedores porque todo o salário estava sendo comprometido com as parcelas dos empréstimos. Os alvos responderão pelos crimes de peculato e associação criminosa.
O nome da operação, Cornucópia, é o símbolo da abundância na mitologia grega e faz alusão à riqueza supostamente obtida pelos envolvidos, além da abundância de recursos públicos disponibilizados de forma ilícita.
Prefeitura se pronuncia
Em nota, a Prefeitura de Corumbá reforçou que não é alvo da operação deflagrada nesta quinta-feira, pois os possíveis ilícitos ocorreram bem antes da atual gestão. “O Executivo municipal reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência, a justiça e o respeito ao erário público e está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento que faça prevalecer a verdade”, completa a nota.
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