A pequena onça parda foi deixada pela mãe que fugiu do barulho, retrato do avanço econômico e da natureza em desequilíbrio
No meio de tanto pé de cana, verde fino de folhagem alta, um filhote de onça-parda – que aparenta não ter mais do que poucos dias de nascimento – foi encontrado por trabalhadores de usina sucroenergética em Chapadão do Sul, a 321 km de Campo Grande, na manhã de terça-feira (10).
Retrato do avanço econômico em desacordo com a natureza, a pequena onça-parda é o quarto filhote encontrado em canaviais em pouco mais de um ano. Os trabalhadores acionaram a PMA (Polícia Militar Ambiental), que foi até o local, mas orientou que nestes casos, é necessário deixar a onça bebê onde está, pois a mãe costuma voltar para buscar os filhotes.
É o primeiro filhote encontrado nesta situação em 2020, mas o problema, crescente, é alerta, diz a polícia. Isso porque nas três situações anteriores em que os filhotes foram encontrados, foram deixados sozinhos pelo mesmo motivo: a mãe se assusta com o barulho da atividade humana e foge.
A oncinha foi encontrada durante a colheita e surpreende que tenha sido vista, de tão pequena, além de ter corrido risco com o avanço das máquinas colheitadeiras. No vídeo, é possível ver o rugido, ainda baixo e agudo, do filhote resgatado, amamentado de mamadeira na ausência da mãe.
Foram provavelmente as máquinas colheitadeiras da usina, disse a polícia, que assustaram a mãe. Desta vez, o filhote vai crescer fora do habitat natural, já que será trazido para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) em Campo Grande. São especialmente os filhotes da espécie conhecida popularmente como parda, orienta a PMA, que têm sido encontrados onde o humano avança na natureza, em usinas e fazendas.
A polícia chama de “prejuízo enorme” a separação entre mãe e filhote. “Realizando o recolhimento direto do animal sem essa tentativa e avaliação da situação, há um prejuízo enorme, pois caso os adultos retornem e reencontrem o filhote, evita-se prejuízo ecológico da retirada do bicho da natureza, bem como os custos econômicos de tratamentos nos centros especializados até a reintrodução na natureza, isso quando é possível”, diz nota da corporação.
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