Em um ano, Reviva ainda não concluiu nenhuma quadra

Trecho da 14 de julho ainda precisa de intervenções

Prestes a completar um ano, a obra do Reviva Campo Grande ainda não teve nenhuma das dez quadras concluídas. Ao longo da Rua 14 de Julho, os transtornos para quem vive, trabalha e transita no centro são inúmeros. E o andamento dos trabalhos gera dúvidas e incertezas para aqueles que convivem com a lentidão e má execução dos serviços.

O Reviva foi formalmente anunciado no dia 15 de maio do ano passado, mas as obras só começaram no dia 4 de junho de 2018; a primeira quadra foi fechada no dia 20 do mesmo mês. A promessa é de entregar a obra até novembro deste ano, apesar de o prazo terminar só em março de 2020.

Atualmente, três trechos estão interditados para o tráfego de veículos – num total de quatro quadras –, entre a Avenida Afonso Pena e a Barão do Rio Branco, dali até a Rua Dom Aquino e também outro entre a Rua Maracaju e a Avenida Mato Grosso. O cruzamento da Rua Barão do Rio Branco foi liberado na quinta-feira (30) e um novo foi fechado na sexta (31).

Mesmo nas quadras onde o trabalho pesado no asfalto já foi feito, entre a Avenida Fernando Corrêa de Costa e a Rua 15 de Novembro, e entre a Rua Dom Aquino e Maracaju, muito ainda precisa ser concluído. As calçadas têm partes não finalizadas e buracos – provavelmente para paisagismo e árvores – e os postes de iluminação não estão fixados corretamente; alguns estão visivelmente soltos e até balançam quando se encosta neles. A própria coordenação da obra confirmou que ainda falta finalizar o asfalto, retirar os fios, instalar mobiliário e paisagismo.

A reportagem percorreu todas as quadras, totalizando aproximadamente 1,5 quilômetro – entre as Avenidas Fernando Corrêa da Costa e Mato Grosso – e encontrou inúmeros problemas e reclamações da população e dos comerciantes. Em locais onde a parte mais intensa da obra foi concluída, os detalhes das calçadas não foram feitos, os cestos de lixo estão cobertos – sem efetivamente serem usados – e as rampas para acesso de cadeirantes são inexistentes em alguns cruzamentos.

Proprietário de uma loja localizada em uma das quatro quadras interditadas, que pediu para não ter o nome divulgado, foi flagrado pela equipe do Correio do Estado enquanto alertava funcionários da obra sobre problemas na ligação da drenagem feita entre os comércios e a via.

“Eu falo numa boa, aviso. Mas estou preocupado, porque a água da chuva e da limpeza escoava no cano até a rua. Agora, a gente observou que não vai para o mesmo lugar. E se essa água está infiltrando na calçada? Vai ser um problema dos grandes”.

Em frente à Praça Ary Coelho, o aposentado Genoval Álvaro de Araújo, 65 anos, que é deficiente visual, teve dificuldades para andar na calçada cheia de obstáculos. Após descer do ônibus na Avenida Afonso Pena, ele percorreu um trecho com vários desvios e precisou de ajudar para chegar ao seu destino: uma farmácia no cruzamento das ruas 14 de Julho com a 15 de Novembro.

“É um caminho que eu sempre fiz sozinho, já sabia certinho como percorrer. Agora, uma moça teve que me ajudar a encontrar a calçada de novo e também tenho que ter cuidado redobrado, pois são muitos bloqueios, desníveis e outras coisas no caminho”. 

Para pegar novamente o coletivo e seguir até a sede do Instituto Sul Mato Grossense para Cegos Florivaldo Vargas (Ismac), ele decidiu mudar o trajeto. “Não vou mais pela 14, vou pegar a 15 e subir na 13 de Maio e dar uma volta maior, mas evito a confusão e o risco de passar no meio da obra”, ponderou.

QUEDA NAS VENDAS

No dia a dia de quem depende das vendas para manter as portas abertas, a preocupação é constante. As lojas contabilizam quedas entre 30% e 40% desde o início da obra, e quando a quadra fecha o prejuízo aumenta. “Eles tentam organizar para não ficar fechada a entrada. Mesmo assim, o movimento caiu demais – em torno de 30%.

As pessoas não querem vir enfrentar esse caos, sujeira e dificuldade de estacionar”, explicou o barbeiro Marcelo Sobrinho, 61 anos, que trabalha no Salão Caicó, que funciona na Rua 14 de Julho há 52 anos e no mesmo endereço, entre as ruas 7 de Setembro e 15 de Novembro.

Já na loja de roupas onde a vendedora Katiele Pereira, 23 anos, trabalha há dois anos, as colegas dela tiveram que ser remanejadas para outra unidade, na mesma quadra – entre a Afonso Pena e a Barão do Rio Branco –, porém, mais perto da avenida que está com o fluxo liberado. “Ficou muito parado. Então eu fiquei sozinha. As vendas caíram uns 40%”, afirmou.

Ainda está em análise o pedido de aditivo da obra, solicitado pela empresa que venceu a licitação, Engepar Engenharia, junto à prefeitura. O Correio do Estado publicou  reportagem sobre a intenção da empresa em receber o valor adicional no dia 18 de março. A prefeitura informou que a análise do pedido será encaminhada a um especialista do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID).

Orçada em R$ 58 milhões, a Engepar Engenharia ofereceu os serviços por pouco mais de R$ 49,2 milhões para a revitalização da Rua 14 de Julho, mas fez o pedido de aditivo após 9 meses, ainda sem previsão de ser liberado. Segundo a coordenadora da Central de Projetos, Catiana Sabadin, o aditivo ainda está em análise e não deve chegar a 25%, que é o máximo permitido. Caso chegue a esse limite, a obra pode atingir R$ 61,250 milhões. “A planilha era de R$ 58 milhões, mas a empresa entrou com R$ 49 milhões. E não teve reprogramação”.

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